Após acompanharam gigantes do mundo da tecnologia em uma corrida pelo desenvolvimento de estruturas computacionais de grande porte, dois jovens de Seattle, William Henry Gates e Paul Gardner Allen, perceberam que chamados “hardwares”, os computadores físicos, eram pouco amigáveis ao uso humano, demandando conhecimento muito específico para sua utilização. Com o objetivo de fornecer programas para fazer funcionar os computadores, a dupla funda, em 4 de abril, de 1975, uma empresa de desenvolvimento de softwares, chamada Microsoft. O mundo nunca mais seria o mesmo a partir desta data.

Antes da Microsoft, o cenário da computação era dominado por gigantes como a IBM, com seus mainframes (computadores corporativos de grande porte) usados em grandes empresas e governos.
Estes computadores tinham o tamanho de andares inteiros, consumiam uma energia elétrica enorme, e para processar os dados necessários às suas tarefas usavam milhares de componentes, dentre eles os programas que os faziam rodar.
As complexas linguagens de programação
Na década de 1970, o cenário da programação era marcado por uma diversidade de linguagens, cada uma com suas características e aplicações específicas.
Dennis Ritchie desenvolveu na Bell Labs, a linguagem “C” que tornou-se fundamental para o desenvolvimento do sistema operacional Unix, enquanto a Pascal, desenvolvida por Niklaus Wirth era uma linguagem para ensino de programação.
A COBOL (Common Business-Oriented Language), dominante no mundo dos negócios, era utilizada para processamento de dados em larga escala, especialmente em sistemas bancários e administrativos.
E havia, ainda, a BASIC (Beginner’s All-purpose Symbolic Instruction Code) que surgiu com os primeiros computadores pessoais, BASIC era uma linguagem de fácil aprendizado, ideal para iniciantes.
A aplicação deste conjunto de conhecimento era restrita a profissionais da área, frequentemente realizada em ambientes de mainframe, com cartões perfurados ou terminais de texto.
Ao mesmo tempo em que estas linguagens eram fundamentais para o desenvolvimento das tecnologias, eram praticamente inacessíveis aos usuários comuns.
Surgimento dos PCs exigiu uma interface mais amigável.

No ano de 1975 surge o “Altair 8800”, lançado pela empresa Micro Instrumentation and Telemetry Systems (MITS). É considerado um dos primeiros “Personal Computers (Pcs)” e, apesar de ter sido lançado como uma opção para o usuário doméstico, o curioso é que ele era vendido vendido originalmente como um kit, por correspondência, por meio da revista norte-americana Popular Electronics.
Foi ao adquirir um desses kits que Paul Allen e Bill Gates se inspiraram a criar uma empresa para simplificar a interface de operação desses computadores pessoais.
Inicialmente focada em softwares para o Altair 8800, a visão estratégica dos donos e desenvolvedores da Microsoft expandiu o desenvolvimento de sistemas operacionais (softwares) que poderiam ser utilizados por outros fabricantes.
Surge o MS-DOS e a revolução trazida pelo Windows

Talvez a primeira grande revolução trazida pela Microsoft tenha sido o sistema operacional MS-DOS – Microsoft Disk Operating System, lançado no ano de 1981.
Apesar de ainda não ser um sistema de interface gráfica, o MS-DOS, que funcionava por linhas de comando digitados (a famosa tela preta com letras verdes) o sistema foi praticamente dominante no mercado de PCs nas décadas de 1980 e 1990.
Aliás, se em algum momento, ao usar o Windows, você já ouviu falar e executou alguma tarefa pelo “prompt de comando”, saiba que, por trás do visual elaborado do software, roda a base do bom e velho MS-DOS.
Mas, se o MS-DOS já havia sido uma revolução, ao trazer uma linguagem muito simplificada para comandar um computador pessoal, permitindo o acesso ao produto a um público pouco conhecedor de linguagem de programação, foi outro produto da empresa que mudou a relação da humanidade com os computadores.

Lançado no ano de 1985 o Windows finalmente trouxe uma interface gráfica e intuitiva para que praticamente qualquer pessoa pudesse, em pouquíssimo tempo, aprender a usar um computador pessoal.
O Windows se tornou o software-padrão de praticamente 100% dos computadores pessoais produzidos no mundo (ok, não estamos falando da Apple, sua concorrente) e, logicamente, ampliou exponencialmente as possibilidades de uso do computador pessoal e também a conta bancária dos fundadores da Microsoft.
Hoje o software onipresente da Microsoft, em sua 11ª versão, é utilizado por praticamente qualquer habitante do planeta Terra que tenha acesso a um “PC” (exceção apenas a quem usa o Linux e os usuários dos produtos Apple).
O Brasil entra com atraso na informatização global
Enquanto a Microsoft revolucionava o mercado global, o Brasil vivia a chamada “Reserva de Mercado da Informática”, política protecionista que visava estimular a indústria nacional, proibindo que fossem importados computadores (automóveis e vários outros bens).
Embora a ideia fosse proporcionar o desenvolvimento de uma indústria brasileira, na prática essas barreiras impediam os fabricantes nacionais de ofertarem produtos tão tecnológicos e mais baratos do que os que conseguiam produzir aqui.

Ainda assim, várias indústrias brasileiras se dedicaram a desenvolver computadores de grande porte e os PCs como a COBRA, Itautec, Microdigital, Prológica e CCE.
Eram produtos bons, mas não comparáveis aos mais tecnológicos produzidos, principalmente, nos Estados Unidos.
Essa reserva de mercado dos eletrônicos, digamos assim, estimulou uma atividade não muito nobre mas muito praticada à época: o contrabando.
Era muito comum que um viajante para o exterior trouxesse esses produtos na bagagem, torcendo para não ser pego na alfândega brasileira.
Ou ainda, havia quem se especializou em comprar esses produtos (assim como rádios, televisores, vídeo-cassetes, toca-fitas e toda sorte de bugiganga eletrônica) no Paraguai para revender no Brasil.
A famosa Galeria Pajé, que fica aqui bem pertinho da Casa da Boia, na atual rua Comendador Afonso Kherlakian (à época Rua Pajé), era o paraíso para quem não se importava em tentar a sorte adquirindo um produto contrabandeado e, muitas vezes, de procedência duvidosa.
A evolução da comunicação empresarial e a tecnologia na Casa da Boia
Do bico de pena aos sistemas integrados, a Casa da Boia viveu todas as revoluções tecnológicas do Século XX. Vale lembrar que nossa empresa foi fundada por Rizkallah Jorge no ano de 1898.
Naquela época talvez as maiores inovações tecnológicas voltada aos negócios tenha sido a máquina de escrever, cuja produção em massa começou na segunda metade do Séc. XIX (embora os modelos iniciais já tinham surgido no Séc. XVI) e o telégrafo (meio de transmitir mensagens por fios a partir de uma máquina, que era decodificada por outra), cuja utilização mais popular também surgiu no Séc. XIX, com a implantação de redes de transmissão.
Isso sem contar o telefone, claro, igualmente do Séc. XIX.
Essas tecnologias evoluíram lentamente ao longo do Séc. XX. Em sua essência, praticamente nada.
Durante boas décadas do Séc. XX, por exemplo, a escrituração comercial da Casa da Boia era feita à caneta, manuscrita, em livros-caixa, que eram mantidos na empresa para a conferência dos fiscais.
A máquina de escrever se prestava às correspondência formais e os correios eram o principal meio de transmissão de mensagens formais.

A primeira grande evolução tecnológica pela qual a Casa da Boia passou foi a entada no sistema “Telex”, abreviação de “teleprinter exchange” e a aquisição de aparelho para poder operar a nova tecnologia.
O Telex atribuía ao usuário um número fixo pelo qual ele poderia ser localizado mundialmente por qualquer outro usuário do sistema e assim passava a fazer parte de um rede que emitia, recebia e poderia imprimir as mensagens recebidas.
Os primeiros computadores, ainda assim em número reduzido, começam a ser utilizados na Casa da Boia nos anos 1980 e uma nova tecnologia “revolucionária” viria a aposentar o Telex no final desta década e início dos anos 1990: o fax.

Agora a transmissão e recebimento de documentos, como pedidos e orçamentos ficava muito mais prática.
Foi também ao final da década de 1990 que a Casa da Boia entrou para a rede global de computadores. Em maio de 1998, a empresa colocou no ar seu primeiro site e a comunicação por e-mail se torna padrão.
Hoje, claro, a Casa da Boia acompanha as tendências de inovação tecnológica e comunicação digital na velocidade que os negócios exigem.
Recentemente reformulou seu site comercial, trazendo uma interface mais moderna e dinâmica e colocou no ar seu site cultural, onde divulga suas atividades históricas e eventos culturais que promove, sem falar, na presença constante nas mídias sociais.
E tudo isso, graças à ideia pioneira de dois jovens empreendedores há exatos 50 anos.

Fontes:
- Microsoft – Wikipédia, a enciclopédia livre
- Microsoft: Conheça a História da Gigante Global de Tecnologia – Lean Solutions
- Tudo sobre Microsoft – História e Notícias – Canaltech
- Como surgiu a Microsoft? – TND Brasil
- Microsoft – Mundo Educação
- https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2021/03/historico-de-eventos-de-computacao-no-brasil/
- https://www.ime.usp.br/~song/song2019.pdf
- https://www.scielo.br/j/his/a/R5jGnGzS35qWzL6xPKsW5fL/