Sabores únicos. Um giro pelos restaurantes árabes de São Paulo

Quando os primeiros imigrantes sírios e libaneses desembarcaram no Porto de Santos e de lá subiram a serra para a capital paulista, nos idos do Séc. XIX, trouxeram, além de sua bagagem de mão, uma rica cultura e uma culinária peculiar para os brasileiros. Desde então a “comida árabe” se consolidou no gosto do paulistano e hoje uma série de estabelecimentos, do mais simples ao mais requintado, oferecem as iguarias antes acessíveis apenas aos membros da comunidade.

Antes da imigração incentivada promovida pelo Brasil no Século XIX, a alimentação dos grupos que viviam nas aldeias e pequenas vilas pelo território brasileiro era basicamente composta pelos vegetais e legumes aqui plantados, como a mandioca e o milho e pela carne de caça e pesca.

Os indígenas nativos e os portugueses eram as etnias dominantes na São Paulo colonial e a culinária refletia os hábitos alimentares destes grupos. Até que não de forma esparsa, mas sim em grande quantidade, italianos, espanhóis, suíços, portugueses, alemães, sírios e libaneses chegaram ao território brasileiros.

A imigração síria e libanesa se concentrou bastante no sudeste e também no norte do país e por onde passaram os “mascates” deixaram marcas na culinária local, que agora passou a conhecer outros temperos, outros sabores, misturas e ingredientes.

No início, uma forma de agregar os imigrantes

Esfiha, quibe, tabule, shawarma, baba ganoush, homus, falafel e outros pratos típicos eram preparados não sem grande dificuldade pelas famílias de imigrantes, uma vez que certos ingredientes não eram fácil de serem encontrados por aqui.

Quando os imigrantes começam a se organizar em associações e, principalmente clubes, como o Clube Homs, o Monte Líbano e o Esporte Clube Sírio a culinária síria e libanesa (duas colônias dominantes na imigração para São Paulo), começa a ser mais conhecida fora destes grupos étnicos.

Embora muitos estabelecimentos comerciais de pequeno porte vendessem pratos da culinária árabe pela cidade, principalmente na região da rua 25 de março, é razoável consenso que o primeiro restaurante, digamos, que tenha “rompido” o círculo da comunidade sírio libanesa tenha sido o Almanara.

Foi fundado em 1950 pela família Cury, de origem libanesa, na rua Basílio da Gama, no centro da cidade de São Paulo, onde até hoje mantém em funcionamento seu primeiro restaurante. Hoje o Almanara tem cerca de 14 unidades próprias na capital, interior paulista e até mesmo no Rio de Janeiro.

Outros surgem pouco tempo depois

Ainda na década de 1950, surgem outros restaurantes que ainda estão em atividade. 

A Casa Garabed, fundada por imigrantes armênios em 1951, ainda funciona em uma pequena rua do bairro de Santana e é famosa por suas esfihas.

O Dozza, fundado pelo imigrante de ascendência arménia, Boos Oxoolania, nasceu em 1956 em Osasco, como um armazém que vendia também uma variedade de doces, e as esfihas de carne. Nos anos 1980 o mercado evolui para a “Esfiharia Dozza”, ainda em Osasco.

Com o falecimento dos fundadores seus herdeiros foram ampliando o restaurante que hoje, além da matriz da cidade vizinha, conta com outras cinco unidades em bairros de São Paulo.

A culinária de temperos marcantes, ingredientes diferentes e sabor até então peculiar foi conquistando o gosto dos paulistanos e outros vários restaurantes surgiram ao longo das décadas de 1960, 70 e 80.

Muitos conquistaram um lugar na memória paulistana

A chef e confeiteira Luiza Rizkallah, tem memórias afetivas ligadas à culinária síria e árabe, tradição herdade de seu bisavô, Rizkallah Jorge e de toda a família. À frente da Parlu Doces, cria delícias influenciada por essa herança cultural e gastronômica. Luiza cita outros restaurantes que valem a visita.

É o caso do Raful, fundado em 1960 pelos  irmãos Tannous e Raffoul Doueihi, recém chegados do Líbano. Eles abriram o pequeno Kit Kat na região da 25 de Março, servindo pratos que continham segredos culinários da família.

Ao ampliar o restaurante alguns anos depois, aproveitaram também para rebatizá-lo com o nome pelo qual é conhecido hoje. Atualmente o Raful, além da casa original, na rua Comendador Abdo Schahin, tem outros dois endereços na cidade.

Também na rua Comendador Abdo Schahin, o Suméria Restaurante oferece uma grande variedade de esfihas, pratos e doces árabes, em seu salão sempre com mesas disputadas na movimentada região da 25 de março.

Inaugurado em 1973, inicialmente no Bairro do Brás em São Paulo, hoje no bairro do Paraíso, o Restaurante Halim se coloca como “um tributo à cultura árabe, pois cada uma de suas receitas foi criada com o intuito de preservar uma tradição que a família aprendeu a respeitar como parte da história de um povo”.

O restaurante Farabbud iniciou suas atividades em 2002, onde até hoje mantém sua primeira casa, na Alameda Anapurus, em Moema.

Outro restaurante clássico da culinária libanesa é o “Monte Líbano”, fundado em 1973 também na região da rua 25 de Março, agora chama-se “Alice Monte Líbano” e se mudou para a Vila Olímpia.

E novos locais surgiram

O Nojoud Restaurante Árabe é um representante da nova geração de casas de culinária árabe na cidade. Localizado no centro do Brás, a pequena casa está sempre lotada.

Outro local “descolado” é o Aboud Síria, no largo do Paissandu, centro da cidade.

Com vasta experiência em pratos árabes, o imigrante Aboud, proveniente da Síria, especializou-se no preparo do Shawarma e do Falafel, servidos na casa pequena mas bem montada em pleno coração da cidade.

Empreendimento dos irmãos Gustavo e Denise Batistel, o Baruk Cozinha Árabe começou sua história há 11 anos no bairro da Vila Olímpia,onde se estabeleceu. Dois anos depois, inaugurou a segunda unidade, no bairro do Itaim Bibi.

E a história se repete

Assim como quando os primeiros imigrantes sírios e libaneses chegaram à São Paulo no Século XIX, os conflitos no Oriente fizeram muita gente migrar para o Brasil fugindo das guerras da Região.

Assim foi com o casal sírio Hasan Alherek e Lujain Ezzo, que chegaram ao Brasil fugidos dos conflitos na Síria e abriram no bairro do Jabaquara o Lujain Restaurante Árabe.

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